Ao longo das décadas, substâncias psicodélicas como LSD e psilocibina passaram de estudos promissores para uma marginalização, e agora estão sendo reavaliadas na psiquiatria moderna. Dr. Antônio Egídio Nardi, psiquiatra e pesquisador na IAPS, discute os potenciais e limitações dessas substâncias à luz de novos estudos e revisões sistemáticas. Neste post, exploramos as descobertas recentes e os cuidados que os profissionais devem ter ao considerar o uso terapêutico dos psicodélicos.
O Contexto Histórico e a Nova Era de Estudos com Psicodélicos
Nos anos 1950 e 1960, compostos como LSD e psilocibina foram amplamente estudados no tratamento de transtornos psiquiátricos, mas o uso recreativo e a associação com movimentos sociais levaram à proibição global desses compostos nos anos 1970. Hoje, estudos renovados, incluindo ensaios clínicos rigorosos, mostram o potencial da psilocibina para tratar a depressão resistente e a ansiedade relacionada ao câncer.
Evidências de Eficácia e Segurança: O Que Dizem os Estudos Recentes?
Estudos como o publicado em 2020 no JAMA Psychiatry demonstraram que uma única dose de psilocibina, administrada em ambiente terapêutico controlado, produziu melhorias duradouras no humor e na qualidade de vida dos participantes. Esses avanços apontam para um potencial antidepressivo significativo, especialmente para pacientes que não respondem aos tratamentos convencionais.
Entretanto, uma análise recente dos eventos adversos em estudos com psicodélicos, também publicada pelo JAMA, sugere que, embora sejam geralmente bem tolerados, há uma taxa pequena mas relevante de eventos adversos sérios (como psicose e comportamento suicida) em pacientes com distúrbios neuropsiquiátricos preexistentes. Isso indica a necessidade de uma avaliação rigorosa dos candidatos a essas terapias e um monitoramento constante.
Considerações Práticas e Éticas no Uso de Psicodélicos
Os profissionais de saúde mental devem considerar cuidadosamente a seleção de pacientes para terapia assistida por psicodélicos. Segundo Dr. Nardi, a atual abordagem terapêutica envolve um processo de quatro etapas: avaliação, preparação, experiência e integração, sendo essencial que o paciente seja orientado por um terapeuta experiente. Dr. Nardi reforça que, para aqueles com histórico de psicose ou condições de saúde graves, os riscos podem ser significativos, necessitando de um controle rigoroso.
Conclusão: Psicodélicos como Ferramenta Terapêutica ou Risco em Potencial?
Embora os psicodélicos possam abrir novos caminhos na psiquiatria, é crucial uma abordagem baseada em evidências e regulamentação. Estudos de longo prazo e monitoramento são fundamentais para entender completamente os benefícios e riscos envolvidos. Dr. Antônio Egídio Nardi e a equipe da IAPS continuam a acompanhar esses avanços para garantir práticas seguras e eficazes no tratamento de transtornos psiquiátricos.
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